segunda-feira, 24 de junho de 2013

Usina nuclear ... Do incrível Hulk a realidade.

Pois é, depois de alguns anos (literalmente), afastado do blog, hora de dar um flush nas antigas postagens e começar de novo. Afinal, o tempo só nós faz ficar mais velhos e mais amargos, no final. A vontade de tagarelar (via teclado, principalmente) é inerente do ser humano.

Não foi nenhuma surpresa ver que minha capacidade de comunicação escrita está reduzida a 1/8 do que já foi. Anos de contas e códigos não melhoram em nada esse fator. Essa semana até me peguei questionando (veja só!) minha própria (in)capacidade didática. Talvez por isso, irei retomar as postagens semanais com uma tradução (parcial, se quiser ver todo vá ao fonte).

Tema de hoje: As monstruosidades da "geração" de energia, via usinas nucleares.

Extraído do "O ambientalista cético" traduzido ao castelhano com ajuda do Dr. Enrique César Lerena de la Serna, da "Arxentina". O texto é muito bem-fundamentado cientificamente, embora o escritor seja de um sarcasmo invejável, o que pode levar o leitor mais verdinho, digo conservador, a desgostar de certas partes do texto. Recomendo a leitura até o final.

Naturalmente, sou defensor ferrenho das atividades de pesquisa e uso de fusões e fissões nucleares para finalidade matriz de usinas de energia elétrica (Srs., por gentileza evitem o termo "geração", é feio só de olhar). O motivo é igualmente natural: alto rendimento energético e baixo desperdício. A esse fator se agregam outros inúmeros de classe econômica e científica que tratarei no post posterior, constando apenas a minha opinião.
Blanka "gerando" energia.

O uso da matriz nuclear é, no entanto, controverso e, como disse, seres humanos adoram dar pitacos (me incluo), alguns com posições semi-religiosas que nem mesmo experiências empíricas podem mudar (me excluo... ok, me excluo em 95% dos casos). A mídia, em geral, sempre caiu matando a pau sobre o assunto e até mesmo grandes gênios dos quadrinhos (como o mestre Stan Lee) tiram proveitos das histórias fantasiosas para criarem seres mutantes superpoderosos.
Marketeiro da fábrica da Dolly, digo, 
trabalhador de uma Usina Nuclear.
Como somos um país de recursos naturais praticamente tendendo ao infinito não nos incomoda tanto a questão de matriz energética. No entanto, faz todo o sentido se pensarmos para países com pouca disponibilidade de recurso (como o Japão) o quanto pode significar essa classe de matriz energética.

A questão é meramente técnica: (1) dominamos, ou não, a maioria das técnicas nucleares? e (2) o quão prejudicial elas realmente são? O texto abaixo responde essa pergunta.

Boa leitura!

P.S.: O texto não faz parte da coletânea dos terroristas textos que acreditam na Teoria da Conspiração, Teoria dos Novos Astronautas, Homeopatia, Buzios, Tarot e outras coisas. Se você é adepto destas, talvez não seja necessário continuar... O foco do texto é sobre os efeitos da radiação e não sobre a explosão do reator.


A verdade sobre Chernobyl

Comentários sobre o texto original: artigo escrito pelo professor doutor Z. Jaworowski "A realistic assessment of Chernobyl's health effects" (algo como "um quadro de avaliação de saúde realista depois da explosão do reator nuclear da usina de Chernobyl") publicado no journal 21st Century Science & Technology, 1998, pp 14-25.

O professor polaco supra-citado (cujo nome é muito longo), além de grande cientista que trabalha no Laboratório Central de Proteção Radiológica de Varsóvia era também chefe da UNSCEAR (Comitê das Nações Unidas sobre efeitos de Radiações Atômicas) a época da publicação deste artigo. O professor se permite fazer comentários em diversos trechos para reforçar as fraudes que foram cometidas após a explosão do reator e a maneira como seguem utilizando a história para infundir stress e paranóia sobre a população comum quando se trata do tema de Usinas Nucleares.

Irresponsabilidade Total

"O medo da radiação, reforçado pelas histórias de terror propagadas pela imprensa e péssimas políticas do governo provocaram várias enfermidades psicosomáticas na região de Chernobyl. Essa foi a maior das catástrofes ocorrida no acidente. O número de mortes, aparições de câncers e outros shows de horrores não passam de uma irresponsabilidade e exagero, sabiamente explorados pelos ultra-ecologistas e afins."

"Depois de treze anos (aconteceu em 86, o artigo é de 98) do acontecido é hora de fazer uma análise com consciência das reais consequências do acidente e dos efeitos tradios sobre a saúde da população local. O tempo que passou é mais do que suficiente para chegarmos a conclusões surpreendentes."
"Os efeitos a curto prazo são as mortes causadas por Doenças Agudas causadas por Radiação (ARS - Acute Radiate Sickness) ou por feridas de origem mecânica ou térmica, enquanto os efeitos a longo prazo são os cânceres e os defeitos genéticos de formação. Neste último grupo, a quantidade de morte/ano por leucemia segue uma distribuição estatística que atinge o topo com quatro ou cinco anos, enquanto o máximo para demais cânceres de 9 a 10 anos após a exposição [Darby, 1987]. Portanto, estes efeitos tardios, se realmente existem, deveriam estar visíveis 13 anos depois. Esses efeitos poderiam atingir em particular, três grupos de pessoas:"
  • As 106 pessoas que sobreviveram ao ARS e que receberam altas doses de radiação;
  • Os milhares de habitantes das regiões contaminadas da Ucrânia, Belarus e Rússia que receberam uma dose de radiação igual a que receberiam durante toda a sua vida de modo natural (se não entendeu, procure por "coisas que emitem radiação" no onisciente Google);
  • Os operários (de 600.000 a 800.000) que trabalharam para selar a planta nuclear (os liquidadores) que receberam uma dose equivalente a quem estava em até 30km do reator [Tabela 1].
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|  Doses (mGy  |  Pacientes  |    Mortes     |
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|   880 - 2100   |  41             | 0                  |
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|  2200 - 4100  |  50             | 1                  |
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| 4200 - 6400   |  22             | 7                  |
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| 6500 - 16000 |  21             | 20                |
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Tabela 1. Efeitos de ARS em pacientes de emergência

"Bom, a informação atualmente disponível nos permitem avaliar corretamente a quantidade de mortos e impactos. No entanto, as publicações científicas passam batido pelos meios de comunicação, que preferem dar vazão aos contos de terror."
"Para o lobby anti usinas nucleares, Chernobyl foi um presente dos deuses para o medo irracional à radiação. Quando o núcleo ainda estava em chamas os meios de comunicação já estavam repletos de informação falsa e alarmante (vide acidente japonês recente) como, por exemplo, o Daily Mail de Londres (26/04/1986): 2000 mortos e no parágrafo abaixo: Foram enterrados em Pirogovo (depósito nuclear e não em cemitérios comuns). Em (27/04/1986) o New York Post vociferava em sua primeira página: "Tumúlo coletivo" e dizia que 15.000 mortos estavam sendo enterrados por escavadeiras em depósitos de resíduos nucleares. O mais curioso foi o National Inquirer que informava:"
"De Chernobyl, Rússia, chegam notícias de uma monstruosa galinha radioativa de 1,8m vitíma do maior desastre nuclear do mundo... É mais alta que a maioria da população local e deve pesar 120kg."
Peru Tom, digo galinha do National Inquirer
"Um mês depois da catástrofe, Thomas Cochran do Natural Resources Defense Council de Washington DC, 'profetizou' que aconteceriam 110.000 casos de canceres na Rússia, Europa Oriental e Suécia. Ainda hoje (lembrando o artigo é de 98), continuam a aparecer dados chutados como a agência BBC em 1995 '1.000.000 de crianças tiveram a vida afetada pelo acidente, o mesmo que uma bomba nuclear ... mais de 125.000 morreram' e como não podia deixar de ser o Greenpeace anunciou em 1996 que '30.000 pessoas haviam morrido de cancer por causa de Chernobyl'."

Suposições falsas

"Talvez o fator mais importante da criação do mito de monstros de Chernobyl seja a suposição de que 'qualquer nível de radiação é prejudicial ao ser vivo'. Essa suposição, sobre a qual a ICRP (Comissão Internacional de Proteção Radiológica) mantém as suas regulamentações, é conhecida como hipótese linear que afirma que não existe um limite sob o qual os efeitos da radiação (que são conhecidos a altas doses) podem ser desconsiderados."

"Essa é uma larga discussão, na qual existem, inclusive, estudos que mostram que radiação a baixo nível são benéficas para a saúde [Walinder 1995]. (...) Outro ponto importante: as doses de decaimento recebidas por causa do acidente de Chernobyl são muito menores que 200 mSv (miliSievert) onde não foi detectado nenhum caso de cancer em Hiroshima e Nagasaki, por exemplo."

Os efeitos (mortes) a curto prazo

"No momento da explosão, se encontravam na Usina 470 pessoas: 200 operários de turno, 250 pedreiros da construção e 20 guardas e bombeiros. Destas, 134 pessoas (1/3) sobreviveram ao ARS e 28 delas morreram 4 meses depois do acidente. em 26 casos, o óbito estava associado a lesões na pele em área superior a 50% do corpo. Um morte foi devido a queimadura gravíssima e outro devido a uma trombose coronária [Okladnikova 1992]."

"De onde o Daily Mail tirou a quantidade de 2000?"

Os efeitos a longo prazo

Sobreviventes da explosão
"Durante os últimos 10 anos morreram 14 pacientes dos 106 sobreviventes ao ARS e que estravam na Usina no momento da explosão, embora as mortes (acidente de automóvel, tuberculose e outros não podem ser atribuídos a exposição a radiação [Wagemaker 1995]. O acompanhamento dos sobreviventes devem prosseguir para identificar qualquer distúrbio futuro relacionada com a exposição."

Habitantes de regiões contaminadas de Russia e outras partes


"Os efeitos a longo prazo podem ser enumerados através de observações epidemológicas com base na dose de radiação recebida por radionucleicos depositados. A contaminação maior aconteceu na Ucrânia, Belarus e Rússia as vezes em regiões ilhadas a kilometros de Chernobyl. (...) A quantidade de radiação/pessoas pode ser vista na [Tabela 2]."
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| Doses (mSv) |   Pessoas   |
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|   5 - 20          |  88000       |
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|   20 - 50         |  132000    |
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|   50 - 100       |  44000       |
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|  100 - 200      |  1500        |
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Tabela 2. Radiação corpo inteiro.


"(...) O nível de radiação espalhada foi na maioria das regiões de uma magnitude três vezes menor, ou seja de 100 a 1000 vezes menor do que o nível de radio nucleicos naturais (radiação natural), tendo portanto, impacto praticamente nulo (...)"

Não se encontrou aumento de cancer

"(...) Fora da União Soviética não se encontrou um aumento na incidência de canceres [Cardis 1996][Parkin 1996]. Nas regiões mais contaminadas das URSS não se encontrou aumento de canceres e leucemias, a exceção do cancer de tireóide, como foi relatado em um estudo conduzido por mais de 200 especialistas internacionais [ICP 1991] e em outros estudos posteriores [Cardis 1996]."

"A incidência desse tipo de cancer aumentou tanto na Ucrania quanto no resto do mundo, devido ao aumento da idade populacional [Satonsky 1993]. No entanto, a incidência deste tipo de cancer nas regiões contaminadas da Ucrania foi muito menor que em áreas não contaminadas. Surpreendente? Não, de modo algum."

"(...) Para algumas pessoas a radiação em baixas doses, inibe o surgimento do cancer (5-100 mSv). Como mostram os estudos realizados em Hiroshima e Nagasaki e em outras regiões dos EUA e Canadá [Jaworosky 1997] (...)."

Os "liquidadores"

"O acompanhamento dos 'liquidadores' que se encarregaram de apagar o incêndio e construir o famoso Sarcófago de cimento sobre o reator é muito mais efetivo que o acompanhamento sobre as regiões, naturalmente. A incidência de qualquer tipo de doença por ano (980 sobre 1000) sobre o grupo é 25% menor que a população geral da Rússia (1300 sobre 1000) e não houve nenhum aumento da taxa de canceres [Tukov 1993](...)."

Consequências não-devidas a radiação

"Quase 5 milhões de pessoas na Rússia foram afetadas por um severo stress psicológico, que levam a várias doenças gastroentestinais, depressão, insônia, inestabilidade emocional entre outros [Filushkin 1996]. Esse dano supera amplamente qualquer risco hiopotético causado pelo nível de radiação das áreas contaminadas. Sim, baixos níveis de radiação, temos que dizer de uma vez e gritar para que todo mundo escute, porque a radiação que contaminou as regiões próximas a Chernobyl são consideradas normais como radiação de fundo em outras partes do mundo."

"(...) Os médicos também contribuíram para o aumento do terror, baseados em informações sobre radiação fornecidos mais pela televisão do que por curriculum universitário. Muitos médicos interpretavam sintomas comuns como efeitos da radiação. Era comum na Polônia e na URSS, ondem devido a incompetentes conselhos médicos milhares de abortos foram praticados sobre gravidez "desejada" para evitar danos inexistentes da radiação sobre o feto [Spinelli 1991][Czeizel 1994](...)."

"Em Kiev até 1000 crianças foram hospitalizados para o tratamento de uma doença inexistente que chamavam de 'distonia vegetativa' sobre a qual se enquadravam todos os vagos sintomas [OECD 1996]."

A "criação" das vitímas

"Este problema foi agravado pela declaração oficial que milhões de pessoas deveriam ser declaradas como 'vitímas de Chernobyl'. Foram criadas leis para darem compensações financeiras, conhecido pelos habitantes como: 'Bolsa-caixão' ".

"Só na Ucrania as 'vitímas' chegaram a 3 milhões de pessoas e o custo representou o sexto maior gasto do Estado [OECD 1996]. Para a pobre Belarus esses custos chegarão, em 2015, a 86 milhões de dólares (lembrem-se texto de 98) [Rolevich 1996] (...)."

Realocação desnecessária

"A segunda causa em importânciados efeitos não devidos a radiação foi a lei que ordenava a realocação de 850.000 pessoas [Illyn 1995] (...) Provocou a destruição de famílias e redes sociais de comunidades inteiras e de lugares de trabalho, expondo as pessoas ao ressentimento e ao ostracismo nas novas localidades onde eram tratadas, com razão, como intrusos privilegiados."
"A grande verdade é que as pessoas queriam se mudar, principalmente pelo medo infundido pelos meios de comunicação . (...) A mudança foi uma medida drástica como motivo declarado de proteger a saúde especificamente contra danos ao DNA que poderia ocasionar cancer oumá-formação congênita.  Vamos aos fatos científicos: a irradiação em todo o corpo humano com 01 mSv anual (o nível de radiação quando começaram a realocar a população) provoca 14 rupturas de DNA em 70 anos por célula. A ruptura causada por radiação é igual a ruptura espontânea."
"Por exemplo, os processos termodinâmicos do próprio corpo e a ação dos radicais livres (como o OH) provocam 70 milhões de rupturas por célula e, ah, por ano [Billen 1990]. Isso nos dá a capacidade de refeneração do DNA e de outros mecanismos de homeostasis que conservam a integridade da vida através de milhares de gerações."
"Isso mostra o absurdo que foi a mudança em massa promovida pela URSS. A intenção declarada era proteger a população de 14 rupturas em 70 anos, quando no mesmo período de causas naturais seriam produzidas 4,9 bilhões de rupturas espontâneas! A possibilidade que essas 14 rupturas gerassem um cancer é de 1 em 350 milhões: ou seja ZERO. É mais provável acertar na loteria."

Chernobyl para a História

"Apesar dos (2/3) das 470 pessoas que morreram na hora da explosão, as mortes de Chernobyl causadas pela radiação totalizaram 28 pessoas em curto prazo. Nos 10 anos seguintes 3 crianças morreram de cancer de tireóide e outros 679 casos foram registrados, embora não se possa estabelecer claramente que a radiação seja a causa dos mesmos e existem outras evidências em contrário."

"As consequências psicológicas, no entanto, apareceram em grandes quantidades. (...) Apesar das grandes perdas econômicas da URSS, fruto das estúpidas políticas implementadas pelo governo [Becker 1996], em termos de morte por radiação Chernobyl deve ser considerado um incidente menor. (...) É inacreditável que um dos mais famosos acidentes nucleares do mundo, seja constamente recordado pela imprensa como um 'bode expiatório' das campanhas anti usina nucleares, já que é um dos que menos mortes produziu.(...)"

"Nos próximos anos, a refutação da hipótese linear pela comunidade científica deve ajudar a dar um enfrentamento mais racional sobre o tema (existe um nível onde a radiação deixa de ser nociva) (...). Chernobyl foi a pior das catástrofes possíveis, de um reator pessimamento construído, com um derretimento total de núcleo, seguido de dispersão de radioatividade na atmosfera. Não podia acontecer nada pior. O resultado foi comparativamente uma pequena quantidade de mortes produzidas no trânsito de São Paulo em um fim de semana. Quando a irracionalidade e os temores de Chernobyl se aplaquem poderá se perceber como os reatores nucleares são uma maneira eficiente de produzir energia e não ameaçam a existência humana."


Comentário seco:

Sem teoria da conspiração: Uma das instituições de combate a usinas nucleares mais famosas do mundo: http://en.wikipedia.org/wiki/Green_Cross_International (Arrecada fundos). Vejam o fundador. Que ironia, não?



Quer ver a bibliografia inteira? Vai no fonte que eu não vou fazer o seu dever de casa.

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Arrivederci.

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